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BUSINESS GAME COMO ESTRATÉGIA DE CONHECIMENTO

  • Writer: José Carlos Souza Filho
    José Carlos Souza Filho
  • Apr 4, 2019
  • 4 min read

“Você pode descobrir mais sobre uma pessoa em

uma hora de jogo do que em um ano de conversa.”

Platão – Filósofo Grego (427 AC – 347 AC)

Jogos de Negócios ou Business Game são excelentes ferramentas complementares ao aprendizado dos conceitos de gestão de negócio podendo ser utilizado em cursos, empresas e órgãos governamentais. Ele está diretamente ligado ao conceito de estratégia.


Este conceito, componente importante nos Jogos de Negócios, tem sua origem há cerca de 3000 anos, com Sun Tzu e seu livro “A Arte da Guerra” e também é possível encontrar indícios de sua evolução nos séculos XVII e XVIII.


Porém, sua importância surgiu, de fato, com o advento das duas Grandes Guerras Mundiais no século XX quando se tem, ao final das mesmas, um corpo de militares altamente qualificados assumindo funções estratégicas nas empresas, viabilizando, com suas expertises, a pesquisa operacional e o uso de modelos quantitativos nas tomadas de decisão.


Esta evolução propiciou o surgimento do primeiro jogo de empresas derivado dos jogos militares desenvolvido pela AMA, American Management Association em 1956, chamado “Top Management Decision Game”. No ano seguinte, 1957, a Mc Kinsey & CO lança outro modelo chamado “Business Management Game”.


Mas, o que são Jogos de Empresas?


Pode-se definir, conceitualmente, esta dinâmica da seguinte forma:


Método de capacitação gerencial onde os participantes competem entre si, tomando decisões para empresas simuladas que, processadas por um simulador, geram relatórios gerenciais para mais um ciclo de decisões.


Em sua aplicação, ocorre a interação estratégica onde dois ou mais participantes (indivíduos ou organizações) reconhecem a interdependência mutua de suas decisões, tomadas sempre em um ambiente de racionalidade, procurando se entender a lógica da situação e reagir a ela.


Neste método de aprendizado gerencial estão presentes os elementos conceituais da gestão de negócios como o ambiente concorrencial, a racionalidade (lucro, market share, liderança) e a tomada de decisão. O método é reconhecido e validado mundialmente e foi constituída nos Estados Unidos, em 1957, a ABSEL (Association for Business Simulation and Experimental Learning) onde se desenvolvem estudos e experimentos envolvendo as dinâmicas de aprendizado, com a publicação de inúmeros trabalhos e artigos acadêmicos.


Dentre as vantagens de sua utilização, pode-se destacar:

  • Aprendizado facilitado pela abordagem vivencial

  • Aplicação e integração de conhecimentos

  • Experimentação de um sentimento real de sucesso (ou não)

  • Aceleração do tempo e visão de longo prazo

  • Simulação da realidade


A simulação empresarial está alinhada conceitualmente com a Teoria dos Jogos e a primeira grande classificação quanto à estrutura dos jogos que se pode identificar são relativas ao equilíbrio de forças e à simultaneidade das decisões a serem tomadas, o que permite a divisão em dois grandes grupos:

Já com relação à tipologia dos jogos em si, eles podem ser classificados quanto a:

Com relação à estratégia, considerando a relação entre as forças (Fraca, Equilibrada, Hegemônica) e a postura dos jogadores (Rival, Individualista, Associativa), pode-se estabelecer a matriz de jogos estratégicos e seus 9 tipos usuais de cenários.

Vale observar que cada uma das 9 possíveis interações apresentadas nesta matriz corresponde a um modelo analítico estudado, dentre os quais pode-se ressaltar o Equilíbrio de Nash, os Modelos de Pareto, de Stackelberg, de Cournot, de Bertrand, entre outros. Cada um desses modelos procura conceituar o comportamento dos mercados competitivos em função de suas características.


A dinâmica nos jogos de negócios proporciona um aprendizado lúdico com oportunidades para o desenvolvimento de diversas habilidades, tais como:

  • Capacidade gerencial

  • Gestão financeira e contábil

  • Decisões estratégicas

  • Trabalho em equipe

  • Relações interpessoais

  • Visão de mercado


Na modelagem de uma simulação empresarial, de um jogo de negócios, deve ser levado sempre em conta o que nos ensinou Hugh M. Cannon, da Wayne State University, Detroit/MI com seu artigo seminal “DEALING WITH THE COMPLEXITY PARADOX IN BUSINESS SIMULATION GAMES”, onde foi descrito o conceito denominado “Parodoxo da Complexidade”. Este conceito, basicamente coloca que:

  • A realidade é complexa e as decisões multivariadas

  • Os modelos simplificam a realidade e não pretendem “ser” a realidade

  • Quanto mais variáveis forem sendo inseridas, mais complexo ficará o modelo


Esta complexidade do modelo pode interferir no resultado pretendido pois torna mais difícil a tomada de decisão, a análise de causa-efeito, a associação dos resultados à realidade de negócio, demandado mais tempo na execução do modelo e, em muitos casos, fazendo com que o modelo se torne inviável pois ele passa a ser a peça central da atenção dos participantes quando, na realidade, o modelo deve ser apenas um coadjuvante no processo de treinamento e aprendizado.


Por fim, podem se identificar inúmeras oportunidades do uso do Business Game, dentre as quais, destacam-se:

  • Treinamentos e Capacitação

  • Seleção de profissionais

  • Seleção de competências

  • Torneios e competitividade


Procurou-se com este ensaio transmitir uma idéia resumida do conceito e das potencialidades que o método propicia na capacitação, treinamento e aprimoramento da gestão dos negócios em geral, além de fornecer mais uma ferramenta capaz de auxiliar na compreensão das dinâmicas que envolvem pessoas, famílias, empresas e nações.

BIBLIOGRAFIA

  • Fiani, R. – TEORIA DOS JOGOS, 4ª Ed., Editora Campus.

  • Costa, E.A. – GESTÃO ESTRATÉGICA – DA EMPRESA QUE TEMOS PARA A EMPRESA QUE QUEREMOS, 2ª Ed., Editora Saraiva

  • Cannon, H.M. - DEALING WITH THE COMPLEXITY PARADOX IN BUSINESS SIMULATION GAMES, Developments In Business Simulation & Experiential Exercises, Volume 22, pag. 96 a 102.

 
 
 

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