COVID 19 E SEUS IMPACTOS NO SEGMENTO DE MODA
- José Carlos Souza Filho
- May 4, 2020
- 3 min read

Já é sabido e sentido por todos que o mundo não será mais o mesmo após a superação do fenômeno COVID 19. E isto será, e já está sendo sentido em diversos segmentos da sociedade e economia.
Um desses segmentos, onde a cadeia produtiva em muitos casos se inicia em outro país (China, Índia, Bangladesh, Israel, Palestina e outros), emprega um contingente grande de pessoas por ser eminentemente mão de obra intensiva e associa a produção mais categorizada (grifes e marcas) com processos produtivos descentralizados (efeito global) é o segmento da moda.
Comércios fechados por decreto, restrições à circulação, menores contatos entre as pessoas e dificuldade de interação leva ao ponto onde se pode sentir o que está passando este setor tão relevante em qualquer país, uma vez que o vestuário se traduz numa necessidade essencial.
Segundo levantamento do SEBRAE SP, 73% do varejo de moda interrompeu as atividades em Março, 19% conseguiram a adaptação para delivery (máscaras de proteção inclusive) e uma parte pequena conseguiu se adaptar ao home office por conta de necessidades e estruturas específicas.
Cabe observar que algumas tendências, em maior ou menor grau, já estariam passando por uma ligeira e tímida aceleração:
- trabalho remoto e on line;
- ensino a distância;
- adequação dos valores sociais
- valorização do fair trade (comércio justo com ética e sustentabilidade)
Sustentabilidade, valores pessoais, morais e sociais estão de certa forma forjando uma mudança em alguns comportamentos. Mas de súbito, as coisas se tornaram urgentes face à pandemia e aquilo que era um projeto social passou a ser um fator determinante de SOBREVIVÊNCIA.
De que forma se pode entender a consequência imediata no setor da moda? Este segmento sempre dependeu de comunicação direta (visualização, contato, desfiles), de ambientalização (glamour, impulso de compra, impacto visual e tátil) e de um cenário econômico estável.
O setor da moda sempre soube fazer uso dos instintos humanos para estimular as compras por impulso e sempre soube criar uma atmosfera propícia aos seus principais objetivos.
Assim sendo, o primeiro impacto perceptível decorre da impossibilidade das pessoas visitarem as lojas, estas fechadas por não se tratarem de atividade essencial. Com isto, todo o aspecto visual dos produtos, do experimentar, do sentimento de auto valorização e autoestima, bem como do impulso de compra acabam por serem mitigados.
Isto afeta toda uma cadeia produtiva: desde as costureiras, passando pelos fabricantes de tecidos, de roupas, pelos atacadistas e por fim as lojas.
Em função disto, como em diversos setores da economia este segmento também está se adequando a uma nova realidade. Como exemplo de um ajuste bem significativo, pode se citar o setor automotivo, que além de estar mudando lentamente sua matriz energética, também está criando novas formas de disponibilização de seus produtos através de carros compartilhados. No caso da moda, roupas e acessórios compartilhados para eventos, festas e celebrações já são realidade.
Alguns eventos das grandes grifes de moda foram adiados ou cancelados em virtude da não aglomeração de pessoas. Isto também atingiu diretamente os desfiles. Mas as apresentações on line e live streaming acabam por permitir a divulgação dos produtos, fazendo com isto que a produção possa prosseguir.
A crise causada pela retração econômica, cuja extensão ainda é desconhecida, mas se sabe que será de enorme magnitude também vem causando um impacto nos hábitos dos consumidores em geral e da moda em particular pela redução da renda, juntamente com a menor necessidade de variações e complementos de vestuário.
Por conta disto, as lojas de comércio de roupas usadas e os brechós também se destacam como alternativas de comércio mais barato com a possibilidade de serviços adicionais conjugados (entrega, lavanderia e costureira), bem como com a adição de produtos complementares (joias, bijuterias, produtos de beleza e maquiagem).
As pesquisadoras Miriam Steinbaum, Fernanda Camparini e Isabela Caraccio do Instituto Ipsos Brasil apontam 4 tendências decorrentes da crise causada pelo COVID 19:
- um maior conforto na moda (vestuário mais simples)
- uma valorização do e-commerce (praticidade)
- uma tendência ao DIY ou do it yourself (fazendo suas próprias peças e combinações)
- uma valorização da beleza natural e sustentável (tudo com o que já se possui)
É um momento difícil, mas vai passar. Se todos auxiliarem para a redução dessa angústia e desse isolamento, cada um a seu modo e de acordo com suas possibilidades pode-se ter mais consumo, mais relacionamento (virtual no momento, mas real no futuro) e mais respeito às regras e entre as pessoas na sociedade.
BIBLIOGRAFIA:
- site do SEBRAE www.sebrae.com.br consulta em 04/05/20.
- Artigo: “COMO IDENTIFICAR OS POSSÍVEIS IMPACTOS DA CRISE NA MODA E NA BELEZA”, Steinbaum, M; Camparini, F; Caraccio, I; site do Instituto IPSOS Brasil www.ipsos.com consulta em 04/05/20.
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